Embriagado. Cheguei em casa e caí na cama, embriagado. Talvez só um pouco, o que me permitiu todo o ritual das outras noites normais. Eram apenas fantasias que eu usava como calmantes, nunca passou disso. Eu não me toquei, nunca fiz isso. Se eu já tentei? Bem, já. Tenho um pau entre as pernas e queria saber usá-lo como tal, manobrar e extrair aquela dor chata incrivelmente prazerosa que todos os machos que passaram pela terra tanto amam. Mas eu não sinto. Muitas vezes chego a pensar que não aprendi a ser macho. Em outras, penso ser tão híbrido que me tornei um terceiro gênero; sem pênis e nem seios, ou, paradoxalmente, até os tenha. Num banheiro sujo, fedendo a mijo acumulado, é onde eu tenho a percepção da diferença. Acho até que deveria ser naquele lugar que eu deveria começar. Não sou macho. Numa sala de mulheres, também vejo convergências, o que me dá a certeza de que também não sou fêmea. Num caminho perpendicular, fui ao médico. Minha taxa de hormônios é baixa, provavelmente.
e como sempre vou dizer: eu adorei!
ResponderExcluirah, adoro a irreverência e a exatidão de suas palavras.