Eu nunca havia feito curso de primeiros socorros. Posso
dizer, com toda a categoria, que não há nada mais desesperador do que ver o
amor morrer.
Todos os dias, em dois ou três meses, eu contemplava uma
bela árvore que nascera do lado direito do meu caminho. Por essas terras
áridas, era alentador ver algo verde e brilhante que resplandecia vida toda
manhã. O bom dia era sagrado.
Gostava do cheiro e do gosto. Das cores e da energia. Do
balanço com o vento. A vi crescer nesse espaço de tempo. Os frutos já viriam,
pude sentir, pois as flores já brotavam.
Contudo, numa madrugada houve um vendaval. Fechei os olhos
e, ao acordar, me deparei com meu próprio desespero. A bela árvore estava caída
no meio do caminho, empatando minha passagem, com as raízes expostas. E eu
estava de mãos atadas. Tentei dar-lhe água, mas ela não bebia. Tentei dar-lhe
comida, mas ela não abria a boca.
Imóvel, nem ao menos pediu socorro. Apenas deleitou-se à
facilidade da morte, sem lutar ou esbravejar. Enquanto eu, vivo e pulsante,
senti toda a agonia que não era minha. Chorei tudo o que não devia chorar.
Paguei por um preço que eu não merecia.
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