O medo me corta e me espreita, deixando um rastro de lâminas
pelo meu corpo. Eu, moribundo, com febre altíssima, encolho, numa tentativa de
conforto. Gravei a poesia do teu corpo no meu. Embebedei minha carne da tua. E
o mapa dos teus pelos está incrustado na minha pele. O teu cheiro enlevou
minhas narinas e até agora tem me castigado. E a lembrança do nosso gozo unido me
furta a paz antes do sono de cada maldita noite. Contudo, de que posso eu,
pecador, reclamar? Catei sarna, minha
pele arde. Blasfemei contra a promessa da autossuficiência e cometi sacrilégio
contra minha própria carne. Quebrei o juramento de manter minha alma intacta e
limpa. Teu suor me suja, delator perfeito. De boca seca e mãos atadas, a fome
de ti é a minha penitência pela petulância de amar.
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