Ao dia, meu andar imponente, minha cabeça erguida e o olhar embebecido com doses extras de prepotência me mantém seguro por longas horas a fio, sem que eu saia de um modo automático e pare de fingir que sou extremamente forte. Entretanto, à noite, o senhor Medo me ajuda a tirar a armadura; enquanto assisto à minha pele perecer como areia, lá fora troveja, forte, e o frio pede passagem. Sou educado e abro a janela. E continuo a jornada pelos quatro infinitos metros quadrados de um quarto molhado por minha transpiração excessiva e diária; ainda o sinto seco e infértil, padecido na maldição de me velar desmoronar um pouco a cada dia, e sob seus olhos mortos e atentos, me atenho à uma posição fetal, numa vaga tentativa de me sentir menos triste, menos sozinho.
Não me atreveria a pedir um abraço...
... por mais que precisasse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário