Enquanto me amaldiçoas pelo espelho que sou, eu zombo da tua cara infame de menina moça.
A hipocrisia que te recheia os olhos ao me olhar, não me esconde o medo que te causo.
Pela linha retinha de uma vida quadrada que lutas para manter, vais entocando os teus erros passados com jeito malandro.
Numa surdina matinal, varres este chão esburacado e ponhe-lhe um tapete felpudo, branco e puro.
Tua face é fachada montada, que levas para todo o lugar; que usas para adorar; que te nega o peso dos teus erros e te mantem a salvo de Alecto.
Enquanto eu celebro minha natureza com alegria, tu a vees como ameaça.
Ameaça à reta que te prestas a seguir, cega, aderindo às convenções e fugindo das fraquesas.
Por isso, pagas-me com um sorriso maldito e aguardas o meu descanço com um punhal entre os mesmos dedos que alisam os meus cabelos.
Enquanto meu sono tranquilo inflama os sentimentos verdadeiros, tu os desfazes.
Não importa, pois de uma ratasana amedrontada tu não passas. Assim como a bruxa velha que te guia.
De mim, não terás nada além da pena e a palavra "Covarde" aos lábios.
Eu te chamo Covarde.
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