terça-feira, 5 de abril de 2011

Voar

Chegamos então até o ponto mais alto da cidade. Uma igrejinha servia de atrativo e logo um pouco mais a frente estava um precipício. Percebi que ele olhava fixamente para o céu e se perdia em um devaneio que chegava a dar medo. Chamei-o pelo nome:
-Jonas!
Ele interrompeu seu olhar para o céu e me fitou. O olhar tornou-se um tanto doce e ele disse com uma voz que jamais esquecerei:
-Oi...
Sorri. Sorri e fui até perto dele para dar-lhe um abraço, que ele retribuiu com muito carinho. Voltou a admirar o céu e a grandeza que se estendia abaixo do precipício. Ficou assim por um tempo e não ousei pedir-lhe atenção.
-Você já sentiu a sensação de voar? - Disse-me ele ao pé do ouvido.
Estranhei a qualidade da pergunta e respondi que não, nenhum ser humano está permitido a sentir tal sensação.
-Eu sei voar. – Afastou-se, abriu os braços e atirou-se de uma altura de mais de mil metros.
Foi um momento rápido que demorou um bocado a ser processado por mim. Sinceramente, custei a entender que ele realmente tinha feito aquilo.

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