Passaram alguns dias e algumas semanas. Eu não ligaria, não falaria e muito menos olharia. Apenas o fato de você ainda me acompanhar em cada esquina, numa forma de esperança, era um assombramento. Eu que sempre fui avesso e você tão vaidoso, eu que sempre fiquei na defensiva e você que sempre oscilava, entre a procura e a aversão. Enchia-me de dúvidas e apenas uma certeza crescia: Você era mais um D. Juan. Mas, infelizmente, eu sentiria saudade. Não me acostumei a não te ver entrar ou sair sem dar um pio. Não me acostumei sem tuas fugas de tuas próprias procuras. E, principalmente, não me acostumei a não ter que desvendar cada atitude, cada virgula e cada entrelinha proveniente de ti. Mas eu preciso lembrar que você partiu sem ao menos fazer barulho ao fechar a porta.
Tenho que confessar, apesar de todo o peso do orgulho que carrego sobre meus atos, eu confesso. Tenho duas fotos tuas e um gráfico. Tenho duas músicas tuas e a lembrança da camisa azul. Tenho duas doses de esperanças, neutralizadas por vinte quilos de orgulho – "Será tão pesado assim?". Talvez eu nem queira saber.
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