quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Maçaneta.


Diante de uma porta colossal cheia de espinhos, me vem o medo falar sobre conseqüências, e ao olhar para trás, apenas a visão de estradas torpes que fiz questão de atravessar, mas que talvez tenham me levado a algum lugar. Há tantos caminhos, assim julgo, depois desse grande portal que me faz tremer. Não tenho mais espaço para o cigarro, ou asas e nem mesmo para vôos clandestinos. ‘Enraizar e amadurecer’, ‘enraizar e amadurecer’, ‘enraizar e amadurecer’... Como caminhar? ‘Enraizar e amadurecer’, repito outra vez perdida. E vem o medo, novamente, soprar aos meus ouvidos o que eu tento afastar da minha mente nas noites solitárias. Carrego planos amadores numa grande pasta embaixo do braço, aguardando mais e mais folhas rabiscadas de planos e metas traçadas ao longo do caminho que me levar; nunca sonhos, jamais! O destino me aguarda, sentado na sua velha cadeira de balanço, cujo ranger irritante, consigo ouvir antes mesmo de cruzar esta maldita porta.
Ao puxar a monstruosa maçaneta e dar o primeiro passo, não haverá mais como retroceder e assim, o amor ficará cru. Não sonharei; cada vez mais adentro num mundo de solo escaldante e água fresca escassa. Não sonharei; isso é regalia para esquizofrênicos. Eu juro que não sonharei mais após passar por esta porta.

Um comentário:

  1. Olá, encontrei seu blog através de um outro que seguia, e confesso que gostei do achado.
    Ganhou uma seguidora.

    ResponderExcluir