quinta-feira, 16 de abril de 2015

Afogado.

Hoje a casa está inundada. Desde a tua partida, a água vem se acumulando pelos cantos, fazendo poças, inundando os cobertores que serviram de teto aos nossos corpos. Tenho me afogado com frequência. E agora eu te causo a sede, te deixando à mercê das águas mais vagabundas para te saciar. Por mais que me preocupe, sei que não devo. És dono das tuas escolhas, do teu destino e da tua desgraça. Só não podia desmoronar junto contigo, seria injusto. Tenho água demais e tu sabes. Posso matar a sede de qualquer um que se encoraje a adentrar no meu recinto, tomar um café e dividir as lamúrias comigo. Por isso, eu escolhi te deixar da porta para fora. Antes morrer afogado num amor que não doei, que aceitar de bom grado as tuas adagas.

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