Meu corpo febril – doente de amor – geme as sílabas do teu
nome. Enquanto desfaleço-me em enfermidade amorosa, rogo aos céus por
misericórdia e grito minhas fantasias, numa esperança chula de desfazer-me das
duas. Mas amor, quando é demais, impregna, suja e inebria. Seja alto ou baixo,
seja bom ou não, tudo o que eu sonhei embriagado, eu desejei sóbrio.
Que eu, então, não chore, assim como o chuveiro que me
alivia. Pois o alívio das lágrimas, eu não mereço, já que tu, infeliz, estás
longe há tanto tempo quanto meus dedos não podem contar. Mas mesmo tão
distante, exerces um fascínio singular sobre mim, assim como um boneco de
ventríloquo controlado à distância.
Resta-me, então, aceitar a moléstia do amor. Uma vez
morrendo, talvez a paz me venha. E cessariam os gemidos. E o apelo. E a
embriaguez de ti. E o amor faleceria comigo, num destino trágico. Sendo, pois,
a tragédia um apelo do Romance, eu seria arte, e aí, quem sabe, no anonimato de
um livro vagabundo, arrancaria alguma emoção de ti, caso tivesse a sorte de chegar na tua cabeceira.
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