sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Moléstia.

 Meu corpo febril – doente de amor – geme as sílabas do teu nome. Enquanto desfaleço-me em enfermidade amorosa, rogo aos céus por misericórdia e grito minhas fantasias, numa esperança chula de desfazer-me das duas. Mas amor, quando é demais, impregna, suja e inebria. Seja alto ou baixo, seja bom ou não, tudo o que eu sonhei embriagado, eu desejei sóbrio.
Que eu, então, não chore, assim como o chuveiro que me alivia. Pois o alívio das lágrimas, eu não mereço, já que tu, infeliz, estás longe há tanto tempo quanto meus dedos não podem contar. Mas mesmo tão distante, exerces um fascínio singular sobre mim, assim como um boneco de ventríloquo controlado à distância.
Resta-me, então, aceitar a moléstia do amor. Uma vez morrendo, talvez a paz me venha. E cessariam os gemidos. E o apelo. E a embriaguez de ti. E o amor faleceria comigo, num destino trágico. Sendo, pois, a tragédia um apelo do Romance, eu seria arte, e aí, quem sabe, no anonimato de um livro vagabundo, arrancaria alguma emoção de ti, caso tivesse a sorte de chegar na tua cabeceira.





Nenhum comentário:

Postar um comentário