quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Em Minhas Asas.


Quando o sol se ergue lá no horizonte no passo-a-passo, eu abro as asas.
As nuvens se pincelam do dourado da alvorada, enquanto eu recomeço o meu trabalho de dias a fio.
Ergo-me num vôo raso, elevo-me para cima e norteio-me para os tons de roxo do céu que acorda.
O ninho ainda não está pronto. Jaebé não veio. Talvez não venha mais.
Deixou-me as lembranças e o peso no coração, dificultando-me a planagem. Descer, pegar uma bolinha de barro, para depois subir tornou-se mais árduo agora.
De volta ao ninho - parcialmente destruído pela chuva da noite -, semeio o amor das minhas recordações no barro moldado por um bico frágil e solitário. Não há espaço para lágrimas, o trabalho me chama.
O orvalho invade-me as narinas. O cheiro me é familiar das outras manhãs em que meu coração estava brando e sorridente.
Elevo-me novamente aos céus, na esperança de terminar sozinho o trabalho de dois. Carrego nas asas a dor diária da saudade que Jaebé me deixou, ao olhar o dia acordar, e não ter seu canto aos meus ouvidos. O ninho volta a pedir-me o barro, e eu mergulho, novamente, em pleno ar.

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