terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A tal carta de tarô...


Sim, eu gosto dela. De todo um mundo de cartas místicas, a que revela a maior força do destino, da justiça e da vingança é A Roda da Fortuna. Carta número dez do baralho de tarô. Sei, eu sei que não acredito em misticismo besta, sei também que dou ouvidos a escritos de revistinhas de mulherzinha quando fala-se em horóscopo. Quem nunca leu, mesmo dizendo que não acredita? Mas a tal carta de tarô me faz refletir todo o poder dos enlaces da vida...

Dona Marina era uma mulher arrogante. Sim, fazia seus empregados de gato e sapato. Beata infeliz. Pregava o tempo todo suas doutrinas, mesmo sabendo que muitos que trabahavam para ela não seguia tais dogmas. Certa vez, humilhou em público a pobre garota que se prostituia. Tinha apenas dezoito anos, coitada! Não conseguiu ver outra alternativa para dupicar (E, em muitas noites, tripicar) a mixaria que Dona Marina a pagava. Disse que a menina era um lixo, uma desgraça que destruia lares. Calada ela estava e calada permaneceu. Apenas via-se as lágrimas caindo gota a gota. Um sussurro doloroso saía de sua garganta, pobre Lúcia. Aguentava firme todas as lâminas afiadas e cheias de veneno que escorria da boca daquela bruxa. Madita velha entrometida. Mal sabia ela que a roda nunca para. Ela dita os altos e baixos de tudo e todos. O tempo passou pouco a pouco para Lúcia, que já estava acostumada com as rabugices da velha beata. Estava finalizando um curso técnico que começara a estudar no final de novembro. A fábrica já não estava dando lucros e ela precisava se garantir. Pouco depois de sair da fábrica, arrnajou um bom emprego e saiu da vida nas ruas. Era o que ela mais queria. Seguiu seu caminho. Até esquecera a velha imbecil que a humilhava sempre que podia. Saindo de uma loja de calçados que já estava fechando, passou pela rua em que ganhava a noite. Não tinha feito amigas, pois eram rivais e também não queria guardar recordações daqueles dias de sofrimento. Pra não dizer que não tinha lembranças boas de alguém dali, lembrou-se de Tamara, que ficava por ali duas vezes por mês. Costumava trabalhar mais como acompanhante de luxo, mas pra ganhar um pouco mais, encarava as ruas. Andou um pouco mais devagar com o seu carro e deparou-se com uma cena que parecia não ser o que estava enchergando. Aquela menina de nariz empinado, filha daquela maltida senhora que a torturava estava alí, parada num poste com um cigarro no bico, fazendo ponto. Seu queixo veio ao chão. Lúcia não sabia o que pensar. Mas preferiu não dizer nada, apenas passou e viu que a roda da fortuna girava e girava...

Realmente, a roda gira e gira ao sabor da força do tempo. Sugiro cuidado. É, eu acredito no "aqui se faz, aqui se paga". Os caminhos se cruzam de formas diferentes, em situações diferentes. Tenho vontade de rir. O ser humano é burro (Não todos, claro!). Os ordinários não olham para frente quando pisam em uma pessoa. Ai, ai. Ela ainda tá girando, viu? E vai continuar. Como eu disse, sua força é o tempo. Movimenta situações e entrelaça o presente com o passado e o futuro. Faz refletir, sim. Olhar como somos fracos e desprotegidos dela. Esquecem, os burros ordinários, que não podem fugir ou tentar se esconder, ela te alcança...

"Aquele tolo garoto ainda olhava para Juliana com um olhar estranho. Ela não gostava dele. Ela era popular e cobiçada. Muito bonita, ela sabia. Sabia se vestir e tinha qualquer gato aos seus pés. Mas quele garoto chato... Arg. Ele tinha espinhas em todo o rosto. Era magro, raquítico, aparelhos horrorosos nos dentes. Não tinha o mínimo senso de se vestir. Parecia uma vassoura vestindo uma camisa extra G. Era um "CDF". Só vivia mergulhado em livros de assuntos que ninguém nunca ouviu falar. Ela sabia que ele gostava dela. Mas, quem ele pensava que era? RUM! Ela era a mais bonita da escola. Garoto idiota! Certa vez, estava no refeitório. Sua escola era integral, então ela almoçava lá. Tinha levado todo o seu almoço para a mesa. Estava comendo tranquila, colocando os "babados" em dia com suas amigas, quando sentiu uma pancada no braço e um liquido amarelo escorrer por sua roupa "carééérrrimaaa". Virou-se e viu aquele rosto esburacado pela acne e o brilhante aparelho em sua boca que esboçava um sorriso forçado pela situação. Ela não aguentou. O garoto foi abaixo com tantas palavras ásperas. Seu mundinho fraco, caiu com o peso das ofensas. Por um instante, a sua consciência pesou, mas logo se desfez disso e provou a si mesma que havia colocado aquele moleque no seu devido lugar. O tempo foi escorrendo pelos meses e anos. Breve a turma iria se formar. Estava preocupada com o que iria usar. Carregava o termo de mais linda desde que entrou na escola. Tinha que arrazar. Por um instante, lembrou-se do incidente no refeitório. Não soube por quê tinha recordado isso. Ele era um insignificante. Graças a Deus, ele nunca mais a importunara, não a olhava mais e nem tinha coragem de cruzar seu caminho. Para o bem dele, era melhor assim. Enfim, vestido escolhido, hora das unhas e cabelos. Tinha que estar impecável. No fim de tod uma produção, lá estava ela no festa de formatura. Era a rainha da turma do terceiro ano de 1999. Misturou-se sem deixar de ser notada por todos os presentes. Dançou com seus amigos e acabou percebendo que aquele garoto estava a encarando. Por um tempo, tentou deixar para lá, mas não deu. Quando ela estava indo em sua direção, ele simplesmente se levantou e foi embora. Só se acalmou quando o viu sair pela porta e não dar mais as caras. O tempo foi-se indo em seu curso. O combustível da roda está sempre aí. Agora, dez anos depois, ela estava numa balada. Suas amizades eram todas por interesse. Sabia que podia levar vantagem com sua belaza e educação. Apesar de ter um empreguinho numa loja de roupas de grife, não gostava de gente pobre. Tornou-se soberba. E, naquela balada, avistou um cara lindo. Alto, forte, cabelo espetadinho. Tinha um ótimo gosto para roupas e parecia ser refinado. Olhou-o com insistencia, até que ele percebeu sua investida. Retribuiu o olhar com um sorriso e ela passpu as mãos nos cabelos. Ele pegou um drink e foi até onde ela estava. Conversaram um pouco. Ela estava certa de que ele tinha gostado dela. Era isso sim, seus olhos diziam isso. Já no carro, começaram a conversar. Mas, mal sabia ela que ele a via como uma fútil, vulgar e oferecida. Aos poucos sua feição mudou, assim como seu tom de voz. Revelou quem era. Era o "CDF" que ela havia humilhado na escola. Com suas palavras, a fez ver quem ela não enchergava quando se olhava na frente do espelho. Fez perceber o que ela tinha feito com ele naquele refeitório não se fazia com ninguém. ele gostava dele. Já devia se dar por satisfeita, pela pessoa que ela é e sempre foi. Fútil e vulgar. Mostrou-a o quanto tinha subido na vida e mostrou também o que ela tinha ganhado com tanto ego dentro de sí. Ela se viu uma mosquinha no meio da estrada. Ele fez questão de deixála em casa. Olhou a simplicidade daquela residência e arrancou com o carro. Ela, agora, tinha noção do que tinha feito e do que era. Pobre coitada..."

Vítima alcançada, é hora da lição. Ah, a lição. Meche com a mente, enlouquece. Pode até provocar o suicídio. Muitos aprendem, se endireitam e começam a agir como se deve, já há outros... (risos) Não tem a mesma sorte. Terminam a sete palmos antes do tempo. O famoso paletó de madeira. Creio que ela não faça isso por diversão. O negócio é a lição em si. Fazer aprender. É o que se chama de escola da vida. Ditando, fazendo, mostrando. Muitas vezes, na mesma moeda, mas em outras...

"Vinícius era um moleque peralta, daqueles que enlouquecem qualquer criatura. Desde bem pequenino, tinha prazer no sadismo. Batia, paertava, queimava, matava. Era um psicopatinha. Ele adorava ver seuspequenos animalzinhos agonizando. Seja esmagados, queimados, afogados. Era sempre uma diversão. Seus pais não davam a mínima, apenas compravam um "substituto" quando seu filho acabava com o antigo. Todo dia era uma coisa nova. Esse garoto dos infernos cresceu. Já era um rapaz e não deixou o sadismo de lado. Isso aumentou. Só que, não se restringia aos animais. Tornou-se violento. Aos dezenove anos, já tinha 5 assassinatos nas costas e algumas ocorrências de tortura. Tinha saido da cadeia pois sua mãe era rica. Tentava não ver a natureza maldita si filho, tentava esquecer o que acontecera num passado próximo. Sabia que não eram cinco assassinatos. Pobre do senhor Everaldo, o seu marido! Mas ela era cega. Seu suposto amor de mãe a cegava. Não deixaria seu menino naquele lugar sujo. Foi enterrada dois dias depois de o abeas corpus ter saido. Não tinha dinheiro para dar a Vinícius... Depois da morte de sua mãe, ele fugiu. Sempre fazendo novas vítimas. Não tinha como parar. Era sua fonte de prazer. Ver a criatura implorar era sua diversão. Se escondeu numa cabana afastada. Se "divertindo" com os pequenos animais que caía nas armadilhas que ele colocava ao redor do lugar. Acendeu uma vela. Torturou dois pásaros e um esquilo. Viu eles queimarem. Adormeceu alí mesmo. Num sonho, ele estava cansado, com falta de ar em meio a fumaça. Acordou no meio de um incêndio. O fogo já consumia toda a casa. Não tinha por onde sair. Ajoelhou e rezou. Ah, idiota. Deus ouviria suas preces? O fogo estava o encurralando. Um milagre não iria acontecer. Em pouco tempo, já começava a consumir sua carne. Aquilo doía! Se debateu como nenhuma outra vítima sua havia feito. Sentiu cada parte sua se desfazer nas chamas. Um grito foi inevitável. Tentando aliviar mas já era tarde. Acabou-se em meio a madeira queimada..."

Ví. Ela faz, ela tem o poder. Tudo se paga, de uma forma ou de outra. Minha cabeça fica confusa às vezes. Tento descobrir e entender os tramites da vida e, consequentemente, da natureza dela para com os homens. Está encrustada nos jogos de adivihação, mas todo esse poder existe. Lembrar-se sempre: Estamos aqui para aprender, ensinar e fazer de cada tempinho que nos resta, a melhor coisa para nós. Ás vezes somos tolos, mas com um empurrãozinho, parendemos que somos tão vulneráveis como os demais presentes num lugar chamado matéria. Somos feitos da mesma forma, com os mesmos materiais. Sim, também sei que sou tão vulnerável quanto qualquer outra criatura, mas pelo menos, não esqueço disso. Ela tá aí. Gira. Gira. Gira.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A possibilidade da reescrita.

Sim, aqueles olhos estão me dando a atenção que não quero. Aqueles lábios se mechem e palavras são repassadas para expressarem alguma piadinha infeliz. Aqualas cabeças acompanham os meus passos, procurando por manifestações de algo que não tenho culpa. Tomara quem venham a ter torcicolo! Estão espalhadas pelas minhas trilhas. Olhares impiedosos que me atiram balas de indiferença. Meu escuto talvez me proteja, ou, para falar a verdade, talvez já me adaptei aos ferimentos ou isso já não é tão importante.
Eu sei, sei que são apenas figurantes na minha vida solitária. Parte de uma paisagem que eu não queria voltar a ver. Sei que não devo dar atenção, mas elas continuam. Sua curiosidade e malicia me enchergam. Me observam, falam, prendem-se a mim como sanguessugas. Comentários, comentários, comentários. Isso acaba me deixando sufocado, preso. Queria que isso fosse pelos ares. Oh, a rosa de hiroshima!
A liberdade que eu corro atrás como o essessial para uma vida humana, eu queria tê-la o quanto antes. Obter a comunicação com criaturas que falem minha língua, que entendam toda uma mente perturbada por zumbis que andam pelas ruas livremente, sedentos por vida alheia. Não suporto mais estar aqui.
Quero correr,sair e encontrar o meu lugar. Voar como um soberano, pairando pelos ares em busca de mim. Embusca da minha vida que se esvairiu neste lugar. Poder chorar e cantar as lamúrias de uma solidão passada, mesmo com o temor de que ela volte. Quero ter o direito de refazer tudo, recriar, reorganizar e esquecer. Ver o meu redor com outros olhos, outros sentimentos. Perceber quem está perto e esquecer aquelas criaturas ordinárias que um dia, perderam sua vida para se dedicar a dos outros. Anceio por isso, mas por enquanto, sentar-me e esperar é o melhor feito para mim. Talvez me esconda ou me mostre demais... Ou talvez não aguente a espera. Mas ainda sim, tenho esperanças. Sinto que o dia ainda chega. A liberdade está vindo!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nova fase,novo álbum.





Não, eu não surtei, apenas estou novo. Resolvi apagar tudo e refazer nos mínimos detalhes. Minha mudança é visível. Comportamento, aparência, fotos, personalidade... A gente cresce e se transforma. E com isso, as minhas formas de expressão, dentre eslas, as fotos. Elas estão diferentes sim, embora não tenham perdido o tom de melancolia e solidão. Mas elas mudaram. Arrisco falar em sofisticação, mesmo o álbum não estando pronto ainda. Terão um toque de cinema com os tags de filmes. Até agora, todas as que eu planejei estão de acordo com o que esperava.
Não vou mais usar o efeito filme do Scape (Programa de edição de fotos). As fotos ficam densas e para nova fase, quero um toque de naturalidade. Ainda assim, não abrirei mão do clima frio e seco. Solitário.
Fiz um suspense no orkut. Embora as pessoas não me visitem, apaguei todos os meus álbuns e fiz um outro. Quatro fotos apenas. Três mencionando o novo álbum e o porque de não o colocá-lo todo agora (De uma forma poética,claro) e um aparitivo (A foto acima). Uma foto que fará parte de "Vire-se e veja a alameda deserta".
O motivo do nome do álbum: Como mencionei anteriormente na postagem abaixo, eu me sinto perdido em mim. Uma sátira seria o meu interior igual a uma cidade numa tarde de domingo chuvosa. Ou seja, deserta. Me vejo perdido dentro dessa cidade, numa alameda deserta. Sentado na chuva... Enfim, foi essa a inspiração para o álbum.
Algumas pessoas se perguntam o porque. Eu pergunto o porque de tudo. Não sou de fazer poses "normalzinhas". Gosto de fazer disso um meio de expressão, já que, quem me vê na rua, não imagina minhas filosofias, minhas paixões, crenças e costumes. Lembro de uma amiga minha vir e me dizer a seguinte frase: "Lipe, você é uma jóia que tem que ser analisada de perto, porque se não, é muito fácil te confundir com bijouteria." Achei um exagero da parte dela, mas logo pensei: "Ela tem razão. Sou muito peculiar e por isso me acho um E.T. neste mundo." Não sou convencido. Não concordei com ela por puro ego, e sim por ver que se tratava de mim.
Meus álbuns e minhas postagens aqui revelam o meu ser. Um ser interno que não é mostrado. Que se apresenta aos poucos, com cautela e paciência e isso se chama expressão. Todo veiculo de comunicação pode ser usado com sensibilidade e criatividade e isso se torna arte. Não me considero um fotógrafo, apenas me traduzo em meio a paisagens e photoshops. Como diria Ana Carolina, é isso aí.