Foi numa andada despretensiosa que encontrei, por acidente, o que tentei descobrir escavando, religiosamente, verdadeiras fortalezas. Estava atrás de uma cortina empoeirada de recordações – aparentemente desconexas – mas que acabaram fazendo sentido. Atrás daquela cortina alta, de camurça vermelha, havia um buraco enorme. Tão, mas tão grande, que me bestifiquei nunca ter notado. Interessante como a cortina estava estrategicamente colocada para disfarçar todo o tamanho. Sempre passei por aquele pedaço de pano esguio, pendurando dentre os quadros de infância; perguntava-me o porquê daquilo todas as vezes que a avistava, mas nunca tive coragem o suficiente para levantá-la. Bem, hoje ela estava aberta, pelo que me pareceu. Não ousei olhar aquela imensidão por mais de uns poucos segundos.
Lembro-me de minha mãe falar, que quando eu era criança, pedi para que ela me comprasse algo. Ela nunca pode comprar. Nem que tivesse todo o dinheiro do mundo ela poderia comprar. O mais engraçado é que o que pedi para que ela me comprasse, foi um irmão.
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