domingo, 13 de fevereiro de 2011

Dez e 9.



A imagem que vejo hoje no espelho
Parece muito com a que vi ontem e anteontem
Meus cabelos só estão a menos de um milímetro maiores
Vejo a barba que se projeta no inferior da minha face
Minha pele ainda parece a mesma
Mas não tem o mesmo significado tal imagem que tinha ontem
Hoje estou um ano a frente, ou a menos
Hoje não tenho a membrana fina e espiritual que recobria meus olhos
Vejo tudo com olhos de águia e ganância
Bebendo algo com álcool e sentido o gosto do adulto
Não, eu não gosto, se quer saber
Mas sei que logo terei que começar a caçar e colocar comida na mesa
A imagem vai se dicipando ou se reconstruindo, é apenas mais uma idade
Um número, um bolo e um presente
Mas, na verdade, me olhando desse jeito
Tento me livrar de carne putrefa nos meus ombros e costas
Cabelos com pontas duplas e minha saliva velha que se acumula
Tenho a plena convicção de que sou livre e me gosto
Me amo, me adoro a ponto de não deixar a parasita ir embora
Ela tem vida própria e sabe se defender muito bem
O caminho continua largo e vazio, ouço apenas os meus paços
Mais um ciclo recomeça hoje
Mais bagagem pra carregar e coisas a serem esquecidas
Páginas que devo rasgar, mas estão guardadas a sete chaves
Não fui tão adepto disso, mas o clichê cai tão bem agora...
"Seja o que Deus quiser. Amém!"

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