domingo, 29 de novembro de 2009

Alameda Deserta.





Saio de onde estou. Olho o relógio. Marca 5 da tarde. O pôr-do-sol já estaria bem visto, não fosse as nuvens que o encobrisse, fazendo a luz cair e toda essa avalanche aumentar. Vago pelas ruas, meus olhos captam cada imagem vazia que me cobram atenção. Às vezes fecho os olhos de vagar, talvez para amenizar, talvez para duplicar tudo o que transborda em mim. Cada gota do ambiente me reluz a solidão dos meus passos vagos. E continuo, rezando para não chegar e ter que deitar no vazio de uma cama grande, sozinho.
A chuva começa a cair. Vejo o crepúsculo quase inexistente pelas nuvens negras de chuva. Passo a passo, passo a passo. Vejo tudo se transformar em paisagem de chuva e me refletir nos caminhos por onde vou. É, agora as gotas escorrem pelo meu corpo. Meus cabelos ensopados respingam em meu rosto. Descem pelas bochechas até o queixo e caem ao sabor do vento. Minhas roupas estão mais pesadas agora. Mas ainda assim, não quero chegar, tudo vai se concretizar.
Essa cidade fria sou eu exatamente. Estou chuvoso, perdido e vazio. Estou sem direção em mim mesmo. Perdido em uma alameda deserta, sentado, na chuva. Esperando algum pedestre que conheça meus caminhos. Que me guie e me deixe seguro. Arg, toda essa fragilidade besta... Eu e minha alma de artista.
Mas o meu destino está chegando. Faltam poucos metros, poucos passos. A chuva ainda cai. As imagens ainda existem, os sentimentos também. Não creio que passem tão cedo.
Passo a passo. Abro a porta. Subo as escadas. Acendo as luzes e vejo tudo como as ruas por onde passei, vazio. Ligo a televisão, vou para a cozinha preparar algo. Talvez não seja tão ruim assim afinal...

domingo, 15 de novembro de 2009

São flores e declarações.





A postagem abaixo é uma reescrição de um texto que minha amiga Maria Eduarda escreveu em minha homenagem. Não imaginava isso dela. Eu sempre a vi como uma insensivel. Mas como o próprio título do texto afirma, nós mudamos!
Isso tudo é muito importante pra mim. Sou uma pessoa solitária. Às vezes por opção, às vezes por falta dela. Sou exigente nesse mundinho de cobras, futilidades vemos aos montes. Vejo muita gente sem noção das diferenças alheias, perguntando o porque das pessoas serem "estranhas". Mas como ela mesmo diz no fim do texto, eu sou estranho. Nós somos. Eu e ela temos uma parceria bonita, um sentimento um pelo outro.
O que importa somos nós. O que vemos somos nós. Estamos de mãos dadas. Talvez até amanhã ou, na mais provável das hipóteses, para sempre.
Ela tem seu jeito diferente, o que me cativa, pois odeio gente ordinária. Por incrível que pareça, nunca brigamos (Mesmo eu sendo tão prepotente, como dizem). Isso talvez seja o sinal de que isso não vai acabar. Nossos momentos estão guardados. Os melhores de nós. E, tenho absoluta certeza, que ainda virão mais e mais. Iremos lembrar disso daqui a uns anos. Iremos chorar e nos confortar. Ainda teremos um ao outro. Teimo em crer nisso. Teimo em sentir e ver o que estou sentindo se materializar nos seus dedos e correr pelo mundo virtual.
Eduarda, eu também te amo.

Nós crescemos, nós mudamos, nós escrevemos.

Meu nome é Eduarda, o dele é Felipe. Eu sou ela, e ele é ele.
Eu gosto delas, e ele gosta deles.
Eu moro na capital, ele no interior. Eu escrevo o mundo, ele se descreve. Eu o amo, e ele me ama!
As diferenças são de fato extremamente levadas em conta, mais a julgá-las de perto são apenas diferenças, meras insignificâncias que resumem a união de dois mundos, dois corpos, dois amigos, em um único contexto.
E são por tantos momentos, e palavras, que não o esquecerei nunca.
''Nós crescemos; nós mudamos; nós escrevemos'' - fiquei alguns minutos pensando quando me enviou isso -
Seria esse o nosso lema? Seria. Nós crescemos, e aprendemos com isso o amargo do mundo (e do doce também!) da sociedade em si, da importância da amizade. Nós mudamos, em prol desta mesma sociedade que reprimida: pune e impõe opiniões ofensivas. Nós escrevemos! Porque é a única coisa que nós resta a fazer de bom de puro e de inocente, pelos dias que se seguirão recheados de tantos devaneios e de tanta repressão.
Virão dias melhores, e com eles também virão dias piores, e estaremos escrevendo/nós escrevendo, um ao outro, e ao mundo que corre ao nosso redor, quem sabe, o mesmo mundo de que nós corremos atrás para que aconteça, seja descrito pelas nossas mãos e lida por todos os olhos que nos tripudiam todos os dias.

- Dedicado a Felipe Eduardo, o estranho menino sonhador do interior de Pernambuco.