Meus olhos cerrados veem a imagem nítida do nosso encontro. A água da chuva ainda inundava o chão e nós estávamos sentados na beira da calçada. Numa outra respiração, observo a mesma cena, estávamos com treze anos, éramos crianças e havia brincadeiras. Eu olhei para o fundo magnífico dos teus olhos azuis e me senti forte e, pela primeira vez, confiante. Ainda continuávamos a brincar. Foi um beijo inocente, eu sei, mas significa muito pra mim. Talvez nós tenhamos dado as mãos, não me recordo bem, só o que me fica é a sensação física da tua presença e daquele sorriso de criança que trocávamos. Eu te precisava, você me precisava. Apenas eu e tu, alí, brincando, éramos e estávamos afins. Abri os olhos e vi a luz do dia e a fumaça dos carros, esqueci que tinha sido apenas um bom sonho numa noite de primavera.